A priori, as considerações deste artigo de
opinião tiveram a gênesis após a suspensão das aulas, devido ao surto da
Covid-19 que se alastrou pelo Brasil e o Mundo. É óbvio que os impactos foram
além das unidades escolares nas suas múltiplas dimensões, mas o intuito é delimitar
a problemática e direcionar para a educação formal, algo que este escritor tem
maior propriedade para analisar. Grosso modo, várias literaturas sobre a educação
formal são uníssonas no discurso único e linear em torno da categoria que a
escola se encontra: É preciso reinventar a escola; A diferença está entre
a escola que temos e a escola que queremos; A escola precisa mudar, atender os
alunos do século XXI, é preciso investir em tecnologias educacionais para
atender os estudantes (Nativos Digitais). Essas são algumas observações
de bibliografias que visualizavam transformações nas instituições educativas, acima
de tudo, na educação básica. Diante da situação pela qual passa a educação
formal em nosso país, nas áreas POLÍTICA, ECONÔMICA, SOCIAL E CULTURAL,
de quem é a responsabilidade por estarmos passando por este momento complexo e conturbado
na educação básica? Na verdade, todos têm uma parcela de responsabilidade, isto
é, para minimizar a culpa. No quesito POLÍTICA, durante um amplo período
da educação brasileira não houve valorização, por parte da classe política, dos
profissionais da educação. Soma-se a isso, carência de investimento em toda a
extensão da infraestrutura educacional, fazendo com que as escolas ilhas em
excelência, atingirem esse nível com o seu próprio trabalho, transferindo,
assim, a reinvenção da escola para a unidade escolar, com míseros recursos
próprios; obviamente, ausentou-se a tão sonhada tecnologia digital desse espaço
educativo. Na categoria ECONÔMICA, a falta de investimentos em
infraestrutura digital e humana, fez com que uma boa parte dos docentes
buscasse a formação com seus próprios recursos, denominando autoformação
digital, criando pontos isolados de qualidade educacional. No
aspecto SOCIAL em nosso país, a maioria da SOCIEDADE (complemento
da educação), esqueceu de valorizar esses profissionais que cuidam dos seus
filhos, com salas de aula, no mínimo 30 alunos (chegando, até a 50 alunos por
classe), percebendo, agora, o desafio que os profissionais da educação passam todos
os dias. Exemplificando, momento complexo mesmo, pois já existem pais
reclamando de cuidar dos seus próprios filhos durante a quarentena (distanciamento
social). Muitos alegam que não são professores, mas os professores nunca
alegaram que não são pais dentro da sala de aula, exercendo essa função além de
muitas outras. Em relação a CULTURA em nosso país, principalmente,
a Educacional e a DIGITAL, concebeu-se que os “NATIVOS DIGITAIS”,
não são tão “expert” no assunto, patinando através das aulas promovida pelas
escolas, e mais, desacreditando na Modalidade a Distância. Por quê? Educação a distância, exigem autonomia de
estudo e protagonismo, elementos em diversas circunstâncias entregues “mastigadinhos”
pelos professores na sala de aula. Considerações Finais: Diante de toda
essa problemática pela qual estamos passando, a sociedade brasileira
está conhecendo o chão da sala de aula e como os estudantes brasileiros não
desenvolveram autonomia nos estudos. Grosso modo, a Modalidade a Distância
para os NATIVOS DIGITAIS não deveria causar perplexidade, afinal,
nasceram em um mundo tecnológico ou não? Durante muito tempo, a sociedade,
inclusive professores, gestores e administradores educacionais, procuravam
conhecer essas referências bibliográficas apenas em momentos de concursos
públicos, porém na prática, a efetivação estava longe de acontecer. Em relação
ao olhar da SOCIEDADE para a escola, se faz necessário reverter essa
situação, pois havia responsável que visualizava a escola tão somente com função
social. Agora, estão “descabelando” diante da complexidade que é viver sem a
escola, e mais, sem a paciência dos milhares de docentes para ensinar e cuidar
do seu filho, juntamente com mais 40 alunos. Reflexão: Pena que tudo
precisou de uma PANDEMIA para que as pessoas tirassem as vendas da
ignorância dos olhos para enxergar a realidade. Lamentável, mas espero que esse
movimento de mudança educacional, não seja algo EFÊMERO, e sim uma REVOLUÇÃO
DIGITAL EDUCACIONAL sem retorno, algo que se almeja na educação formal há
décadas.
Alberto
Alves Marques
Profissão:
Professor Coordenador da Área de Ciências Humanas na Rede Pública do Estado de
São Paulo e Escritor de artigos de opinião para jornais e Blogs. Licenciatura
Plena em História. Pedagogo pela UNICID/SP. Graduado em Gestão da Tecnologia da
Informação – UNICID/SP. Pós-Graduado em História pela Unicamp- Campinas.
Pós-Graduado em Educação Inclusiva pela UNESP- Presidente Prudente/SP.
Pós-Graduado em Coordenação Pedagógica pela UFSCAR- Universidade Federal de São
Carlos.
Cidade:
Hortolândia/SP.