“Todo dia, era dia de índio, mas
agora ele só tem o dia 19 de abril”. Composição de Jorge Ben Jor, cantada por
Baby Consuelo, na década de 80. O que a letra tem em comum com o “Dia do índio”
e os povos indígenas no Brasil de hoje? O esquecimento! Na verdade, com o decorrer
do tempo, tanto Baby Consuelo quanto os indígenas caíram no esquecimento. A título
de ilustração, a data foi uma invenção do Presidente Getúlio Vargas no ano de
1940, através do decreto lei número 5.540 e a escolha do mês de abril, ocorreu
devido à realização do Primeiro Congresso Indigenista Interamericano em abril
de 1940, no México. No entanto, passados aproximadamente 78 anos esses
verdadeiros donos da terra não têm muito a comemorar, visto que suas terras e
direitos foram usurpados pelos homens brancos. A priori, hoje esses não têm nem
o dia 19 de abril, quem dirá os 365 dias do ano. De primeiros habitantes
encontrados pelos portugueses, aos últimos, esquecidos por brasileiros,
principalmente pelos nossos legisladores e governantes que não reconhecem os
seus direitos constitucionais. Longe, aqui, em idolatrar indígenas e
romantizá-los, independente de sofrer diversos tipos de barbárie no passado com
a invasão dos europeus, causando impacto cultural nos mesmos. Na verdade, a
missão mais difícil hoje é lutar contra o inimigo interno, como os fazendeiros,
garimpeiros, grileiros, madeireiros e até os governantes, sem falar nos
delinquentes, ateadores de fogo etc. Não se trata, presentemente, de políticas conservadoras,
em isolar os indígenas e deixá-los afastados dos considerados “civilizados”, e
sim fazer com que tenham acesso às benfeitorias tecnológicas sem perder, porém,
as suas tradições. Muitos, ainda não
conseguiram a demarcação de suas terras e sofrem até então, o impacto do
encontro com os brancos, com doenças, alcoolismo, prostituição e a aculturação.
Não obstante, saudades dos tempos de escola, em que homenageávamos o Dia do
índio, pintando as nossas carinhas de indiozinhos, outrossim, a escola toda se
mobilizava através das datas comemorativas. E hoje, os estudantes que estão
sentados nos bancos escolares sabem a importância das datas comemorativas? Concebem
que os nativos (indígenas) foram os primeiros habitantes deste país que, hoje, conhecemos
por Brasil, para variar assolado pela corrupção política? Infelizmente, mesmo
vivendo na sociedade da informação, carecem os nossos jovens de muito
conhecimento. Para alguns pensamentos infundados e superficial, aquela era uma escola
Tradicional, onde imperava a decoreba. Porquanto, hoje impera a inovação
tecnológica educacional. Mas, e o conhecimento, fica em que lugar nessa
História toda? Considerações finais:
Quem sabe refletindo sobre os indígenas, sensibilizamos com outros segmentos excluídos
em nossa sociedade, a exemplo dos descendentes dos escravos, dos pobres, dos
desempregados, das mulheres e uma maioria de excluídos da história deste país. Ou
melhor, percebamos o nosso modelo de escola (quase falida) e de sociedade que
queremos formar, almejando transformações significativas em todas as dimensões.
É o que desejamos e esperamos. Tomara que não demore mais 518 anos.
Alberto Alves Marques
Profissão: Professor Coordenador
da Área de Ciências Humanas na Rede Pública do Estado de São Paulo e Escritor
de artigos de opinião para jornais e Blogs. Licenciatura Plena em História.
Pedagogo pela UNICID/SP. Pós-Graduado em História pela Unicamp- Campinas.
Pós-Graduado em Educação Inclusiva pela UNESP- Presidente Prudente/SP.
Pós-Graduado em Coordenação Pedagógica pela UFSCAR- Universidade Federal de São
Carlos. Em andamento: Curso Superior em Gestão de Tecnologia da Informação –
UNICID/SP.
Contato: albertomarques1104@hotmail.com
Cidade: Hortolândia/SP.
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