Durante boa parte do tempo,
quando estava em questão quebrar paradigmas da educação formal, o discurso proferido
pela maioria dos educadores e gestores, esteve alicerçado na frase: “As
escolas precisam mudar, passar por transformações, deixar de lado um currículo
petrificado há anos”. Inclusive, algumas literaturas investiram em discursos
retroativos, comparando a escola com as Fábricas e as linhas de montagem. De
repente, como em um passe de mágica, as unidades educativas precisaram se
reinventar e dedicar ao trabalho remoto através das múltiplas tecnologias. Diante
dessa lógica, poderíamos comemorar as transformações pela qual a escola tem passado,
pois professores e alunos precisaram se reinventar durante a Covid-19? Não é
bem o que parece, foram alguns meses em que a sociedade passou a tecer algumas
críticas infundadas sobre o processo aprendizagem, dizendo que nada substituiria
o aprendizado presencial. Por outro lado, durante o isolamento social, deparamos
com pais e responsáveis discorrendo que preferem que os filhos reprovassem de
série, perante a educação remota. Na verdade, concordar-se-á em partes com as
linhas de raciocínios citadas acima. É óbvio que a modalidade presencial
caracteriza como algumas particularidades que diferem do processo remoto. Mas
discordo quando algumas falácias propagaram que a educação estaria perdida, que
o ano foi em vão nos aspectos aprendizagem. Se levarmos em consideração a
Educação formal (A ESCOLA), propagada durante séculos em que o professor
trazia todo o conhecimento pronto para o estudante degustar, sim, esse tipo de
ensino está com os dias contados. Em outras palavras, a escola, a sociedade e
toda a equipe escolar são sujeitos históricos, dessa forma, as categorias
sociais, políticas, econômicas e culturais perpetram em nossas mentes, fazendo
com que acreditemos que existe somente uma via de aprendizagem, aquela em que o
professor fala e do outro lado o aluno ouve e aprende. A Educação Remota, o
Ensino Híbrido e outras modalidades, além das salas de aula presencial, exigem
tanto dos professores como dos alunos, isto é, que sejam sujeitos dinâmicos,
flexíveis, pesquisadores, desafiadores, autônomos, e principalmente educandos pesquisadores
protagonistas, que não esperam as coisas prontas. Esse é o grande desafio para
uma escola consolidada há séculos, em ofertar tudo pronto para os estudantes e
esses esperavam o momento de ingerir conhecimento inquestionável. Tal qual a escola,
a comunidade precisam de pessoas pensantes, proativos para lidar com as
incertezas da sociedade contemporânea, as coisas não surgem prontas, muitas
vezes é preciso construí-las através de novos conhecimentos. Esse é o grande
desafio, e a Pandemia a Covid-19 nos mostrou quão somos ainda resistentes às
mudanças educacionais, preferindo um modelo de escola que vai ao desencontro das
demandas de uma sociedade interconectada, tecnológica e informacional. Naturalmente,
que a falta de investimentos materiais e formação dos professores fez com que
imperasse o descrédito na modalidade remota. É claro, a desigualdade social,
separando os alunos com recursos tecnológicos daqueles mais carentes, fez com
que optassem pelo ensino presencial. Não é aqui, a intenção em negar essa
verdade inconcebível, mas trazer para o pensamento reflexível histórico. Parafraseando
Albert Einstein (1879-1955): É perante a dificuldade que surge a oportunidade.
Fazendo uma analogia também com a prensa de Gutemberg no século XV (quando
aumentou o número de livros impressos), houve uma grande resistência, não da
sociedade, visto que a maioria não tinha acesso à leitura e a escrita, mas dos Copistas,
acreditando que perderiam os seus empregos. Entretanto, em meio às resistências,
a Prensa Móvel (impressão de documentos) propiciou subsídios para proliferar a
leitura para as classes menos favorecidas, e subsequente para novos adventos
tecnológicos que avançaram até o momento presente. Trazendo toda essa reflexão
para a sociedade atual, cuja tecnologia em suas múltiplas dimensões, irá
adentrar no processo de conhecimento educacional, é de fundamental importância,
pensarmos sobre isso. Considerações Finais: Cedo ou tarde, a Escola
precisará passar por transformações e quanto mais se posterga essa ação, mais surgem
dificuldades na quebra dos paradigmas educacionais. E mais, precisamos criar
uma classe de pessoas para atender as demandas da sociedade vigente, formar
cidadãos úteis. De
acordo com o Historiador israelense, Harari (2018, p. 56): “Uma classe
inútil pode surgir em 2050 devido não apenas à falta absoluta de emprego ou de
educação adequada, mas também devido à falta de energia mental”. Reflexão:
Não seria a Pandemia – Covid-19, um sinal para que os paradigmas educacionais petrificados
durantes séculos, sejam repensados e passem por transformações?
Alberto Alves
Marques
Profissão: Professor
Coordenador da Área de Ciências Humanas na Rede Pública do Estado de São Paulo
e Escritor de artigos de opinião para jornais e Blogs. Licenciatura Plena em
História. Pedagogo pela UNICID/SP. Graduado em Gestão da Tecnologia da
Informação – UNICID/SP. Pós-Graduado em História pela Unicamp- Campinas.
Pós-Graduado em Educação Inclusiva pela UNESP- Presidente Prudente/SP.
Pós-Graduado em Coordenação Pedagógica pela UFSCAR- Universidade Federal de São
Carlos.
Cidade:
Hortolândia/SP.
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